Desenvolvida pela O2 Led, tecnologia para a esterilização de próteses faciais restauradoras de silicone com o uso da luz UV-C foi apresentada ainda em protótipo no principal evento científico do setor e recebida com aplausos
Entre as mais de 80 palestras e estudos de casos apresentados no 15º Congresso da Sociedade Latino-Americana de Reabilitação Bucomaxilofacial, realizado no início de novembro, em São Paulo, as vantagens da radiação UV-C na desinfecção de próteses de silicone para a restauração facial foi um dos temas mais aclamados pelos congressistas.
O diretor de Tecnologia da O2 Led Illumination, Roberto Cardoso, falou para uma plateia formada por especialistas de 19 países, explicando no detalhe a diferença entre os vários espectros da luz ultravioleta e a ação da radiação UV-C sobre microrganismos, especialmente germes, fungos, vírus e bactérias. “Era um engenheiro falando para cirurgiões, explicando a ação física da propagação da luz UV-C, como ela quebra as cadeias do DNA ou RNA, impedindo a propagação dos microrganismos, e isso os deixou muito interessados”, diz Roberto.
De fato, após quatro anos desde o último Congresso (a edição de 2022 foi suspensa, devido à epidemia de Covid 19), os 230 participantes do evento queriam trocar conhecimento e estavam ávidos por absorver tudo. “Foi um Congresso excelente, com alto nível de participação e de interesse dos congressistas”, afirma Rodrigo Salazar Gamarra, cirurgião dentista com mestrado e doutorado em reabilitação bucomaxilofacial e presidente do Congresso.
A especialidade bucomaxilofacial é uma área odontológica que integra equipes multidisciplinares (médicos, cirurgiões dentistas e engenheiros) para tratar da reabilitação de sequelas de doenças da cavidade bucal, do crânio, face e pescoço, incluindo traumatismos e deformidades faciais (congênitas e adquiridas), dos maxilares e da mandíbula.
“A indicação de prótese faciais promove a reabilitação social, autoestima e a qualidade de vida de pacientes com deformidades faciais e faz parte da rotina das nossas clínicas e hospitais”, diz o presidente do Congresso. “Há anos buscamos um método eficiente e seguro para o paciente higienizar a prótese sem deformá-la, aumentando a sua vida útil”.
A palestra de Roberto Cardoso trouxe a tão esperada resposta. O diretor da O2 Led apresentou o protótipo do SterFace, uma tecnologia desenvolvida no Brasil, em parceria com os alunos de pós-graduação e pesquisa científica da Faculdade de Odontologia da Universidade Paulista (UNIP) e o Instituto Mais Identidade, uma organização sem fins lucrativos que promove a reabilitação bucomaxilofacial de pessoas que tiveram a face deformada por traumas ou doenças.
Pioneiro mundialmente, o SterFace já foi aprovado em testes de segurança e eficiência microbiológica pelo laboratório Conforlab, e há outros estudos em andamento. “Precisamos juntar uma ampla documentação científica para obter o registro da ANVISA. O problema é que, por ser uma tecnologia inédita mundialmente, a ANVISA ainda não tem protocolos para avaliar e validar esse produto. Vamos ajudar a agência do Ministério da Saúde a desenvolver esse protocolo, para garantir o pioneirismo dessa tecnologia para o Brasil”, diz Roberto Cardoso.
O SterFace está sendo desenvolvido por meio da parceria da entre a O2 Led Illumination, alunos do curso de pós-graduação e pesquisa científica da Faculdade de Odontologia da Universidade Paulista (UNIP) e o Instituto Mais Identidade. A primeira fase do estudo comprovou que o uso da radiação de luz UV-C, emitida por diodo de led, é eficaz na esterilização de amostras de silicone, que são utilizadas para confecção de próteses faciais restauradoras. Este estudo foi publicado no The Journal of Prosthetic Dentistry, órgão oficial das 24 principais organizações de odontologia protética e restauradora dos EUA, em julho de 2021.
A segunda fase do estudo consistiu na avaliação da resposta da luz UV-C sobre modelos de próteses reais, com todos os seus contornos e reentrâncias. Roberto Cardoso explica que, para tal experimento, foi desenvolvido um protótipo com superfícies internas espelhadas reflexivas, maior quantidade de leads UV-C, um pedestal de suporte para deixar os objetos suspensos e um plástico especial que permita a passagem da luz UV-C, abrangendo toda a superfície da amostra, em 360º graus. O resultado não podia ser mais animador: além de eliminar as bactérias, a tecnologia da O2 Led não afetou a coloração, não deformou seus contornos e não aumentou a porosidade das próteses de silicone.
A assepsia correta das próteses faciais de silicone é fundamental e deve ser feita diariamente, sendo que os recursos utilizados até agora, como lavagem com produtos químicos ou escovação mecânica, podem causar danos às próteses, alterando seus contornos e a cor. Em consequência, as próteses devem ser substituídas entre 18 e 24 meses, aumentando os custos e sobrecarregando os serviços de reabilitação, segundo o Prof.Dr.Luciano Lauria Dib, cirurgião bucomaxilofacial, professor titular do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia da UNIP e presidente fundador do Instituto Mais Identidade. “A tecnologia SterFace vai permitir o uso das próteses em condições ideais por mais tempo, aumentando a sua vida útil”, ressalta Roberto.
A previsão é que o SterFace seja lançado comercialmente tão logo a ANVISA consiga liberar o seu registro, ainda primeiro semestre de 2023.
“A radiação UV-C é uma luz invisível de alta frequência, que possui a propriedade de quebrar as ligações internas dos ácidos nucléicos, tanto DNA quanto RNA, sendo altamente eficaz na exterminação de microrganismos nocivos ao ser humano, como bactérias, germes, fungos e vírus”, ensina o engenheiro Roberto Cardoso, diretor de Tecnologia da O2 Led Illumination. O DNA é responsável por armazenar as informações genéticas dos seres vivos, e o RNA atua na produção de proteínas. Quando um microrganismo é exposto aos raios UV-C, a luz penetra através das paredes de suas células, rompendo a estrutura do DNA ou RNA, impossibilitando sua reprodução.
O problema está no risco para a saúde humana, se a luz UV-C for aplicada diretamente na pele ou atingir a retina. Por isso, a O2LED Illumination desenvolveu dois produtos específicos para uso doméstico e corporativo, com segurança: o SterBox, um aparelho portátil para descontaminação do ar em ambientes, e a CleanBag, uma maleta compacta para purificação de objetos usando a luz ultravioleta do tipo C.
A tecnologia patenteada dos dois aparelhos utiliza nanopartículas de prata para entrar no DNA ou RNA dos micróbios e quebrar a cadeia de proteína à qual esses germes se unem para reprodução. O processo de assepsia por luz UV-C é feito a partir de elementos semicondutores denominados leds, menores, inquebráveis, mais econômicos que as lâmpadas fluorescentes e fabricados sem mercúrio, sendo, portanto, ambientalmente corretos. Para evitar riscos à saúde humana, o processo de descontaminação no SterBox na CleanBag é feito em câmaras de higienização fechadas, sem possibilidade de evasão da radiação.
O SterBox tem sido utilizado com sucesso no combate a microrganismos, incluindo o coronavírus SaRS-COv 2, em residências, escritórios, condomínios, clínicas médicas e até em hospitais. No setor automotivo, pesquisas avaliadas pelo laboratório Autologus comprovam a eficiência da tecnologia da O2Led na purificação do ar que passa pelos dutos do ar-condicionado e circula no interior dos automóveis. No momento, a empresa pesquisa novos formatos do SterBox para uso em escolas e call centers, além do funcionamento à pilha, aumentando a portabilidade do aparelho.
Outro produto em desenvolvimento com o uso da radiação UV-C, mostrado no Congresso por meio de vídeo, é o Auto C – um equipamento eletrônico de esterilização de objetos médicos, odontológicos e estéticos usados em cirurgias e em cabines ou salas de estética. A O2Led pesquisa seu desenvolvimento há 9 meses, com resultados promissores. “Conseguimos desinfectar com sucesso espátulas, alicates de cutícula, bisturis”, afirma Roberto.
Até o momento, foram realizados testes com a bactéria stafilococus aureus (que pode provocar de espinhas e furúnculos até pneumonia e meningite), com resultados promissores na esterilização das próteses. O próximo passo é utilizar patógenos mais resistentes, como a bactéria e.coli (que pode causar infecções no intestino, bexiga, rins e na corrente sanguínea), o fungo cândida albicans (conhecido por causar a candidíase), e o vírus da hepatite. Os estudos estão sendo avaliados pelo Laboratório LS Analyses e devem ser concluídos em seis meses. Para Roberto, a participação no Congresso representou uma grande oportunidade de mostrar aos profissionais do setor a eficiência da tecnologia de radiação UV-C na desinfecção de objetos e próteses que são usados corriqueiramente na reabilitação bucomaxilofacial. “Estivemos frente a frente com o profissional que vai usar os nossos aparelhos e recebemos um feedback muito promissor. Deixamos o Congresso ainda mais animados para seguir com nossos desenvolvimentos e pesquisas em favor da saúde humana”.